Thursday 30 October 2008

Mariza - coração e dor

Não é muitas vezes que se ouvem referências a Portugal ou à língua portuguesa por estas paragens, mas num jornal diário saiu ontem um grande destaque para o concerto de Mariza a ter lugar no próximo dia 9, no Oslo Konserthuset, integrado no World Music Festival.
Com uma página ocupada inteiramente por uma foto e outra página com uma pequena entrevista, discografia e uma crítica ao seu último disco, assim se faz a introdução do fado e da artista a um país não propriamente familiarizado com o género musical ou com a cultura portuguesa, for that matter (para além da praia e do bacalhau).
A entrevista, ou o entrevistador, passa de relance pelas origens do fado (e da artista), passa pelo lugar mais ou menos comum da expressão de sentimentos/ sofrimento (????), terminando com o carácter político do fado (?) sobretudo durante o Estado Novo. Se bem que música não seja propriamente o meu campo de acção, e as minhas desculpas aos mais entendidos, não pude deixar de me questionar: é o carácter político do fado, enquanto estilo musical, a melhor forma de o apresentar no estrangeiro? É o Estado Novo uma realidade com a qual a sociedade norueguesa esteja familiarizada? Será o título "Hjerte og smerte" (coração e dor) a melhor forma de descrever a música de Mariza? Muitas questões ficaram no ar mas no final, pergunto-me se esta forma de introduzir uma artista e um género musical desconhecidos contribuirão para uma sala cheia. Veremos.
Como a própria diz às tantas, fado é mais que política, mais que "coração e dor", ultrapassando fronteiras e idades, ultrapassando inclusivamente a "barreira" da língua. Silêncio que se vai cantar o fado (no próximo domingo, em Oslo)



Saturday 25 October 2008

Museu Whitney de Arte americana

Da autoria do arquitecto e designer Marcel Breuer (1902-1981), o Whitney Museum of American Art, fundado pela escultora e coleccionadora, Gertrude Vanderbilt Whitney em 1931, alberga uma das mais importantes colecções de Arte americana do século XX.
Construído entre 1963-66, o Museu constitui uma das obras mais marcantes do arquitecto inserido frequentemente no designado Estilo Internacional. A sua volumetria, o revestimento em granito cinzento, as poucas e salientes aberturas contrastam com a envolvente da Madison Avenue, tornando o edifício em algo intrigante à partida. A organização espacial do interior provoca o mesmo sentimento de descoberta e intriga.
Dada a numerosa colecção um novo núcleo do Museu está já planeado com abertura prevista para 2012, da autoria de Renzo Piano.

Sunday 12 October 2008

Centro de Arte Henie-Onstad , Bærum

A apenas 25 minutos de Oslo encontra-se o Centro de Arte fundado pela campeã olímpica e mundial de patinagem no gelo Sonja Henie e pelo marido, Niels Onstad, em 1968.

O museu com o nome do casal foi fruto de um concurso nos anos 60 do qual saíram vencedores os arquitectos Jon Eikvar e Sven Erik Engebretsen, com uma proposta que pretendia contrariar a geometria regular e os espaços quadrangulares uniformes do Movimento Moderno, optando por uma linha mais expressionista, ligada no caso nórdico a Alvar Aalto, através da criação de espaços de formas mais orgânicas e irregulares.

Nos anos 80, o museu necessitava de mais espaço, assim sendo os arquitectos desenharam uma proposta em que esta nova expansão respeitava a filosofia inicial do projecto, apesar da distância temporal e do facto de estar perfeitamente integrado com o edifício original, fazendo a diferenciação através de desníveis e pés-direitos que claramente correspondem a outro tipo de espaço. Entre várias diferenças, seria de assinalar a luz indirecta, que, se no edifício original é difusa (qual cidade submarina), nesta extensão a atmosfera é mais fria e crua .

Em 1994, uma nova ala foi inaugurada, também da autoria dos mesmo arquitectos, já com uma filosofia completamente diferente, relacionados com as alterações do contexto mas também com o amadurecimento dos próprios arquitectos. Os materiais "internacionais" foram abandonados e foi feita uma reinterpretação dos materiais locais adaptando-os a uma linguagem formal mais ligada à realidade quotidiana.
De destacar, o excelente trabalho de madeira, estrutural e aparente, apresentado sem tratamentos nem pinturas. Madeira crua, rugosa, que magoa quando passamos a mão, e duas ou três aberturas pontuais que enquadram pontos edílicos da paisagem envolvente.

O pretexto para a ida ao museu, foi uma exposição de desenhos do pintor Paul Klee, que fizeram as delícias de um domingo chuvoso.

Monday 6 October 2008

Hearst Tower


A Hearst Tower, apesar de recente, encontra-se envolvida num conjunto de simbolismos, significados, ao mesmo tempo que é, a vários níveis um sinal de esperança. Num sentido, foi a primeira torre a ser concluída depois do fatídico 9/11, por outro, a primeira torre "verde" da cidade, sinal de optimismo para a sustentabilidade de uma mega-metrópole vs ambiente.Desde 2006, Nova Iorque ostenta o seu primeiro "Green building", da autoria de um "Sir" há muito envolvido nestas matérias, Norman Foster. Tal como o arquitecto tem vindo a desenvolver, esta torre incorpora um conjunto de estratégias que irão permitir uma redução significativa dos custos energéticos do edifício, do mesmo modo que se procedeu à utilização de vários materiais reciclados para a sua construção, nomeadamente, 80% do aço empregue é reciclado.
Obviamente, todas as questões ambientais são há muito uma preocupação dos profissionais da área, mas em muitos casos tem acontecido que, na perspectiva da auto-suficiência energética e todos os temas afins, dir-se-ia que os conceitos arquitectónicos são basicamente esquecidos e transforma-se o edifício numa máquina de poupar energia esquecendo-se que arquitectura é também espaço, e mais ainda, espaço qualificado (para além do sentido físico que a própria questão envolve).

Pois esta torre, apresenta claramente uma imagem forte que (acredito) envolva um conjunto de espaços, diferenciados, apelativos, com características de luz variáveis, tranformando espaços de escritórios / lugares de trabalho em algo motivador / inspirador. Obviamente que estamos também a falar de imagem / media, tão ao estilo do Sir, mas porque não, desde que isso contribua para criar a fun-cidade (qual fun-palace).

Além do mais, dizem eles. a estrutura triangular, poupa na quantidade de aço estrutural empregue. Ganhamos todos!

Thursday 2 October 2008

MAD ( Museum of Arts and Design)

O Museu das Artes e Design, em Nova Iorque, tem prevista a sua reabertura para estes dias, apesar de uma difícil e controversa batalha em que esteve envolvida a "reabilitação" do edifício original da autoria de Edward Durell Stone.

A proposta, agora construída, da autoria do arquitecto Brad Cloepfil (Allied Works Architecture), continua a receber as mais fortes críticas de arquitectos, críticos e imprensa, sobretudo relativas à destruição do edifício original, considerado património da cidade. Para além disso, críticas têm sido feitas relativamente ao próprio design, materiais, detalhes, todos os aspectos têm servido para continuar a alimentar esta polémica (justificada?).

Para quem não vive(u) em Nova iorque e não pôde experienciar o edifício original, é este Museu um projecto assim tão mau? É um projecto sóbrio (daquilo que é possível concluir a partir do exterior) com um uso racional de materiais e cores que incorpora ainda uma linguagem abstracta através de manchas e linhas que atribuem às fachadas uma certa dinâmica, sem recorrer a soluções espampanantes tipo Gehry. Talvez não seja um edifício de leitura imediatista (mesmo pelos críticos???) mais ao estilo americano, mas o MAD não é um mau projecto. O tempo o dirá. Se assim for, e numa cidade que se altera/muda/renova à velocidade de Nova iorque, este edíficio será substituído por um melhor (?) no prazo de 20/25 anos (se tanto).

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