Thursday 10 April 2008

Gala de abertura


Concursos, contrariamente à ideia que se tentar passar, são tendenciosos e ilusórios. Não vou aprofundar mais a ideia porque... simplesmente não vale a pena (Diga-se apenas que de entre mais de 200 propostas internacionais apresentadas a concurso, a proposta vencedora foi exactamente a de um Atelier norueguês). De qualquer das formas, a ideia aqui não é retomar o processo controverso em que esteve envolvido o projecto para a nova Ópera de Oslo, mas sim, umas primeiras considerações daquilo que efectivamente veio a materializar-se.


As imagens do projecto que inicialmente foram tornadas públicas encheram de orgulho todos aqueles que de alguma forma partilham o sentimento de orgulho de "ser noruguês". E tinham razões para tal. Num fabuloso "jogo de cintura" com os media, e arriscaria a dizer com as próprias autoridades, os arquitectos fizeram aquilo que melhor sabem fazer: criar imagens. Imagens estas que seduziram e encantaram. Mas este será tema para outra conversa.

O início da obra, e todo o trabalho que se seguiu veio a revelar outros aspectos até então no segredo dos deuses. Nem tudo são rosas. Se a frente para o fjord faz as delícias de muitos e no meu entender tem a sua poética, a sua relacão com a água, a ideia das paisagens norueguesas e as pistas de ski, tudo isso cria um conjunto de expectativas que levaram à criação da ideia de se estar presente uma importante e emblemática obra, do ponto de vista arquitectónico.


Em poucos dias decorre a Gala de abertura da Nova Ópera, e no entanto, existe um sentimento geral, ou pelo menos entre os interessados por estas coisas, que o novo símbolo de Oslo ficou muito aquém das espectativas. O conceituado Atelier esqueceu-se que um edifício não tem apenas uma fachada (aquela que foi divulgada ao ponto de exaustão, a frente para o fjord), mas que tem mais. Mais fachadas, e mais dimensões. Se a frente para o fjord encanta, a frente para a cidade (nunca mostrada entre os media) atormenta, assusta. O esforço parece ter-se concentrado na imagem bucólica e campestre, sendo que a dimensão urbana, a relação com a cidade pura e simplesmente não existe, ou melhor, existe, mas mal conseguida. Digamos que se trata de uma bonita obra de arquitectura, mas que não pode ser vista de todos os ângulos.

De qualquer das formas, fica reconhecido o esforço de tentar fazer algo de diferente e de qualidade no País das Maravilhas. E por isso, os meus sinceros Parabéns.

(As fotos apresentadas remontam a 2006, durante a fase de construção. Novas fotos serão apresentadas em breve. )

Sunday 6 April 2008

Nova Ópera de Oslo

Com a aproximação da Gala de inauguração da Nova Ópera de Oslo, inicia-se um grande corropio em toda a cidade para entregar aos cidadãos desta cidade o fruto de um processo muito polémico. Embora ainda não totalmente finalizado, os cidadãos e os media estão já num alvoroço sobre aquele que se pretende que seja a nova imagem de Oslo e de uma Noruega moderna e a pensar num futuro.

Para muitos será a confirmação de um "elefante branco" que em nada reflecte os valores da sociedade norueguesa, para os opositores ao projecto a confirmação de um edifício falacioso cuja concretização foi facilitada pela intensa cobertura mediática, para outros o alívio ao ver que afinal não é assim tão mau. Perfeitamente satisfeitos, acredito, estarão os arquitectos do Atelier Snøhetta, por ver a obra finalmente contruída.

Independentemente de todas as contradições existentes ao longo do processo, e da opinião individual de cada um, no final, será apenas mostrada a máscara de orgulho nacional e confiança no futuro. Utilizando a ocasião que está a fazer despertar a cidade, pelo menos durante uns meses, serão apresentadas algumas imagens, fotos, comentários ao edifício da Nova Ópera de Oslo.

Nasjonalbibliotteket i Oslo


Inaugurado em 2005, mas só agora visitado (e mesmo assim apenas o exterior), foi com algum espanto que observei no centro da cidade de Oslo, um edifício contemporâneo de relativo interesse.

A nova ampliação feita na Bibioteca Nacional, da autoria do Atelier LONGVA, revela um cuidado com os pormenores, uma gramática formal fruto de um jogo de "quadradinhos"e um volume de grande simplicidade. Embora não sendo uma obra audaciosa, pelo menos no que diz respeito ao exterior, suscita algum interesse pelo jogo dinâmico da fachada.

O volume, um paralelipípedo torcido segundo um eixo bem definido, apresenta no entanto aquilo que parece ser a solução mais fácil na relação com o edifício existente. Nem está totalmente desligado nem está na sua continuidade. Fica-se por um meio termo difícil de entender. Relativamente à torção do volume, não é clara o razão para esta opção, ou deixa no ar se será apenas um gesto inconsequente com pretensões a algo mais do que aquilo que é.

As fachadas, dinâmicas pelos panos de sombreamento, gozam novamente de um jogo recorrente de "quadradinhos", introduzindo umas janelas de proporções rectangulares que de alguma forma criam os momentos mais apelativos do edifício.

No final, a nova adição à Biblioteca Nacional Norueguesa é um exemplo de uma atitude generalizada de jogar pelo seguro, apostando em fórmulas que já demonstraram funcionar. Espera-se que o interior apresente algumas surpresas.

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