Tuesday, 31 January 2006

O Vermelho

Penso no vermelho que existe e na cor que originalmente teria. Penso no que existiria para além do que se vê. Uma fachada, uma rua, um simples beco. Não sei a história, não sei o que se passava. Sei aquilo que vejo e interrogo se é necessário saber o passado. Neste caso concreto, não me interessa.
Deixo-me seduzir pela intervenção, a cor, o contraste, o espaço público criado (pouco visto nestas cidades nórdicas). Mas talvez pelos habituais sintomas do sul, apaixono-me pelo beco, pela cor quente e pelo inusitado. Esta comunhão passado/ presente pouco visível no sul agrada-me.
Independentemente da qualidade do edifício recente, agrada-me a situação urbana e o desafio (?), a ideia de espaço urbano, a mescla de referências, gostaria de referenciar outras situações de beco em Oslo, mas sinceramente não me ocorre nada.

Deixo a sugestão: cortemos a Assembleia da República e formemos uma praça pública onde se tomem decisões, até pode ter um jardim. (foto:Oslo)

Sunday, 29 January 2006

Podia ser Siza


Estava no Porto, a luz era a mesma, o branco era o mesmo. O dia era acompanhado pelo tempo cinzento, tranquilo e uma cidade silenciosa numa manhã de Inverno.

Chegando aqui, as linhas Siza eram claras e definidas como sempre. Linhas cortantes, rasgando o espaço e definindo um conceito, clarificando volumes e planos. No entanto, algo era diferente. Não havia o contraste, a afirmação de algo, o jogo com um fundo definido, seja o verde, seja o azul… Havia o enquadramento, a “porta”, a “janela” para algo, a árvore, o mar, o jardim. Havia o cascalho e o branco imaculado. Havia a coluna, fuga (?) a uma simetria “clássica”, e tudo se conjugava numa paisagem urbana idílica e um pouco suspeita.

A dúvida persiste sobre a ideia de cidade cujos edifícios tendem a reflectir ideais “rurais”, “campestres” na construção de uma imagem de uma artificialidade por vezes chocante e clara até para os mais desprevenidos. A questão continua entre admitir o artificial ou fazer o artificial parecer tão natural que o tomamos por “natural”. Situações intermédias são… situações intermédias.

Mas a questão aqui era o Siza, o mestre. E as influências. Releituras. Cópias. Interpretações. Reinterpretações. A preocupação não era definir a categoria/ gaveta…era antes perceber o funcionamento das coisas. A espacialidade, a forma, e o modo como certos conceitos permanecem intemporais, pela relevância, pela função, pelo “gosto”…Nada nasce do nada e a “genialidade” Siza, tem raízes, origens, uma génese algures em espaços e tempos diversos. A lição era compreender que não estava num Siza mas num Le Corbusier, Maison La Roche, Paris.
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