Monday 15 September 2008

Mies e o Seagram


Finalizado em 1958, o edifício Seagram, da autoria da dupla Mies van der Rohe (1885-1969) e Philip Johnson, constitui um marco da história da arquitectura pela inovação da utilização dos seus elementos metálicos estruturais sem (supostamente) qualquer tipo de revestimento. De acordo com Mies, e com os princípios de um chamado "Estilo Internacional", o edifício deveria reflectir a sua própria estrutura, de um modo "verdadeiro" e "assumido". No entanto, devido aos regulamentos americanos contra-incêndios, um edifício não poderia ter à vista colunas de aço (por perigo de colapso em caso de exposição a altas temperaturas), assim sendo o arquitecto viu-se obrigado a revestir as colunas com perfis em I de cor bronze, que constitui aliás a imagem do edifício.


Este foi, ao tempo, o arranha-céus mais caro do mundo, tendo em conta os seus 38 pisos decorados com materiais como bronze, travertino e mármores. Uma das lendas em que está envolvida esta torre é a questão das persianas. Mies tinha horror ao desorganizado, ao aleatório, à "confusão", e consciente de que a utilização das persianas por parte dos ocupantes do edifício iria criar diferentes "fachadas", e um aspecto pouco regular, o arquitecto limitou o cerramento das persianas a três posições: aberto, meio-fechado e fechado totalmente!!! Nos dias que correm, provavelmente teríamos um enorme processo judicial por adoptar tal medida!!!

Outra das polémicas em que Mies se viu envolvido aquando deste projecto foi a não utilização de toda a área da propriedade optando pela criação de uma zona privada de carácter público, criando algo semelhante a uma praça, optando pela construção em altura, a qual o arquitecto teve de defender junto do cliente, argumentado que este "desafogo" traria uma melhor imagem ao projecto. Esta medida, bem como os métodos construtivos empregues, tornar-se-iam vulgares na construção de outros arranha-céus da cidade, sendo hoje opções completamente banais.


É certo que, com toda a construção envolvente, o edifício Seagram passa hoje despercebido, no entanto, não deixa de ser fundamental na compreensão da história dos arranha-céus, em particular, de Nova Iorque.

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