Sunday 1 June 2008

Vamos gritar

O quadro "O grito" aparentemente desperta a cobiça de várias pessoas. Sendo uma das pinturas mais conhecidas do pintor noruguês Edvard Munch, é suposto simbolisar a angústia existencial da espécie humana, e aparentemente existe muita gente angustiada e desesperada para a conseguir.
Neste quadro é possível ver uma figura em desespero, num passeio em Ekeberg, Oslo, com o Oslofjord ao fundo, e um céu dramático pintado em tons de amarelo e vermelho (alguns historiadores apontam para que este efeito tenha sido possível devido à erupcão de um vulcão na Indonésia Cracatoa em 1883, no entanto, quem tenha presenciado um pôr-do-sol em Oslo, reconhecerá que o céu adquire aqui cores e tonalidades perfeitamente fora do vulgar). Munch fez diversas versões desta obra com diferentes meios. As mais conhecidas, e mais valiosas, monetariamente claro está, são quatro. Uma a têmpera sobre cartão, outra com pastel (ambas no Museu Munch, Oslo), outra a óleo, têmpera e pastel sobre cartão (supostamente a original de 1893, na Galeria Nacional, Oslo) e uma quarta versão em pastel (na posse do bilionário norueguês Petter Olsen).
A versão da Galeria Nacional foi roubada em 1994, mas recuperada vários meses depois. Episódio curioso, os ladrões deixaram uma nota aquando o roubo, com as seguintes palavras "Obrigado pela fraca segunrança"
A versão em têmpera do Museu Munch, juntamente com outra obra do mesmo artista, Madonna, foi roubada em plena luz do dia, em 2004 e (ambas) recuperadas em 2006, sob condições ainda por esclarecer. Depois de um longo processo de restauro, ambas as obras estão de novo ao acesso do público. Pela primeira vez tive a oportunidade de ver estas obras, apesar dos estragos causados pelos ladrões, e não totalmente recuperados através do restauro.


A questão, no entanto permanece, num país que possui os meios que possui, como é possível ter um sistema de segurança que não evite estes episódios, sobretudo quando se tratam de obras ícone de um país? Obviamente que agora o sistema de segurança é mais apertado que um movimentado aeroporto internacional, incluindo detectores de metais (com a respectiva apreensão de isqueiros), várias portas controladas electronicamente antes de aceder finalmente à colecção e seguranças em todas as salas. Um pouco tarde, diria eu, quando os estragos estão feitos, e são visíveis mesmo aos olhares mais desatentos.

Em bom português "Casa roubada, trancas à porta."

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